terça-feira, 7 de junho de 2016

Facebook começa a pagar por conteúdo jornalístico em vídeo

Organizações são estimuladas a publicar textos direto na rede

iG Minas Gerais 
Sucesso. A explosão da melancia, transmitida ao vivo pelo BuzzFeed, passou de 10 milhões de espectadores pela primeira vez, número comparável à TV
Reprodução/Facebook/Buzzfeed
Sucesso. A explosão da melancia, transmitida ao vivo pelo BuzzFeed, passou de 10 milhões de espectadores pela primeira vez, número comparável à TV
São Paulo. O Facebook começou a pagar a veículos de informação como New York Times, BuzzFeed e Huffington Post para que usem sua ferramenta Live, de vídeo ao vivo. O objetivo é ter conteúdo jornalístico de qualidade, numa de suas apostas de 2016. Os contratos de incentivo financeiro foram confirmados por NYT e BuzzFeed. Segundo esse último, o Facebook paga cerca de US$ 250 mil por 20 vídeos postados por mês, em contratos de duração trimestral.
Para o jornalista especializado Peter Kafka, primeiro a informar a mudança, nem são grandes somas, mas é conceitualmente uma grande coisa para uma empresa que se negava a licenciar conteúdo ou a pagar criadores: é a primeira vez que usa dinheiro. Foram fechados contratos com esportistas, atores e âncoras de TV.
O presidente do Facebook, Mark Zuckerberg, afirmou, ao destacar o Live na apresentação dos resultados do primeiro trimestre: “Estamos no início de uma era de ouro do vídeo online”. Argumentou ser efeito da transição técnica no compartilhamento. “No desktop era mais fácil digitar, então líamos mais texto. No aparelho móvel é mais fácil carregar vídeo, então vemos mais. A ideia é erguer, em cinco anos, um ecossistema em torno do Live e outros formatos novos de vídeo”. Zuckerberg está envolvido diretamente: na última quarta-feira, conduziu uma conversa com astronautas da estação internacional.
Certo e errado. O BuzzFeed já protagonizou uma vitória e uma derrota do Live. Em abril, a explosão de uma melancia passou de 10 milhões de espectadores, pela primeira vez, um número comparável à televisão, festejou o site. Por outro lado, há três semanas, uma entrevista do BuzzFeed com Barack Obama foi transferida às pressas, por problema técnico após dois minutos, para o concorrente Google, do YouTube.
Em revés mais significativo, o concorrente Twitter ficou com os direitos de dez jogos de futebol americano, após o fracasso das conversas do Facebook com a liga NFL. A derrota num contrato histórico por direitos esportivos é minimizada pelo Facebook, que comentou não ver seus usuários interessados em transmissões mais longas.
Noutro projeto prioritário do Facebook, Instant Articles, pelo qual organizações jornalísticas são estimuladas a publicar diretamente na plataforma, para acesso rápido, os incentivos vêm crescendo, mas sem envolver dinheiro. Lançado há um ano e adotado por NYT e outros, vem dando mais amplitude tanto para publicidade como assinatura. Agora os veículos podem publicar vídeos publicitários e mais banners no fim de cada post, além de links para assinar newsletters.
Tendência. O analista Ken Doctor, do Nieman Journalism Lab, de Harvard, diz que a decisão do Facebook Live pode ser vista como o início de uma tendência e lembra que existem precedentes, em outras plataformas, porque elas querem mais conteúdo em vídeo, que é altamente monetizável.
 
 
 
 
 
 
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“Os veículos já se adaptam. Como Live e outros criaram um mercado, você vê ‘NYT’ e start-ups como Vox Media dizendo que se tornaram empresas de vídeo, por acreditar na combinação da venda direta própria com Facebook e provavelmente outros”, afirma. Ele não vê, porém, o mesmo acontecendo com o texto. Cita casos de pagamento por conteúdo escrito, como no acordo do Google com a Associated Press, mas de pequena monta, porque falta interesse das empresas de tecnologia.
Flash
Messenger. Segundo o site especializado TechCrunch, o Facebook está trabalhando para remover a função do Messenger na versão mobile de seu site, forçando usuários a usarem o aplicativo Messenger separadamente. Recado. De acordo com o TechCrunch, o botão de chat na barra de ferramentas pode resultar em mensagem informando que “suas mensagens estão sendo movidas para o Messenger” e que “em breve você apenas conseguirá ver mensagens no Messenger”.
Gamers vão transmitir jogos
A desenvolvedora Blizzard anunciou ontem uma parceria com o Facebook para permitir a transmissão de jogos online na rede social. Agora, os jogadores vão conseguir se cadastrar e fazer login nos games usando uma conta do Facebook. “A Blizzard está em processo de incorporação da API Live do Facebook, com o objetivo de criar a sua própria funcionalidade de streaming. Quando essa funcionalidade for implementada, os jogadores serão capazes de transmitir suas sessões em jogos da Blizzard diretamente para suas linhas do tempo no Facebook, e seus amigos poderão se inscrever e ser notificados quando novas transmissões estiverem disponíveis”, explicou a desenvolvedora ao site especializado ÜberGizmodo. A função está sendo chamada de “Go Live” e deve ser liberada em breve. “É importante para nós oferecer características e serviços que tornam mais fácil e divertido compartilhar suas experiências uns com os outros”, disse Gio Hunt, vice-presidente de operações corporativas. (Da redação)
Ainda não vingou
Obstáculo. Facebook encara, no Brasil, obstáculos ao projeto Internet.Org, que levaria acesso gratuito a comunidades mais pobres (e agora se chama Free Basics). Crítica. O projeto é acusado de ferir a neutralidade da rede, ao prever uma seleção de sites. Dúvidas. Procurado, o Facebook disse que não poderia responder se vai manter seus planos para o Brasil.

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