Congresso de Clínica Psiquiátrica traz assunto até para leigos; estresse, conflitos com o corpo e comportamentos repetitivos são alguns dos temas que serão abordados neste mês
Um congresso de psiquiatria não vale só para psiquiatras, mas também para curiosos e interessados que querem entender mais sobre saúde mental, afinal os distúrbios psiquiátricos ou problemas psicológicos envolvem as relações sociais e entender como a mente funciona é uma forma de melhorar a interação pessoal.
“A personalidade se forma até os 35 anos”, explica um dos organizadores do evento, Hermano Tavares, psiquiatra e professor do departamento de psiquiatria da Universidade de São Paulo (USP).
O médico conta que um dos assuntos a ser abordado no evento envolve os efeitos colaterais das psicoterapias. “A psicoterapia pode passar do ponto”, diz. Segundo ele, a prova disso é que em cada 100 pessoas que começarem o tratamento, 50% vão melhorar, 25% permanecerão inalteradas e 25% terão piora.
“Se o tratamento é ruim, inadequado e se a dose não for certa, é como um remédio, com efeitos colaterais”, explica.
“Temos uma ideia de que psicoterapia sempre é melhor e não faz mal. Isso não é verdade”, alerta, ressaltando que quem falará sobre o tema é Michael Lambert, professor de psicologia da Brigham Young University, nos Estados Unidos.
Além disso, o especialista explica que o mundo presencia um aumento nos casos de transtorno dismórfico corporal, quando a pessoa está insatisfeita com alguma parte do corpo e quer mudar a todo custo, buscando inúmeras intervenções plásticas. “É o medo de parecer feio para outra pessoa”. Segundo Tavares, 80% das vezes a insatisfação está focada no rosto e a maioria das pessoas sofre desse problema em algum grau.
Outro assunto a ser abordado dentro do congresso são estudos que relacionam o consumo de um suplemento dietético, um aminoácido, como modulador de comportamentos repetitivos, tomando como exemplo a mania de arrancar cabelos ou ferir a pele com a unha.
A forma como alimentos ou suplementos podem interagir com a saúde mental é um assunto a ser tratado por Vânia Assaly, endocrinologista e nutróloga, caminhando de acordo com a proposta de multidisciplinaridade do evento.
O estresse é um assunto atual e faz parte da programação do IV Congresso Clínica Psiquiátrica. De acordo com Tavares, estudos mostram que o estresse em momentos críticos, especialmente na primeira infância (de zero a seis anos de idade) aumenta o risco de problemas psiquiátricos e físicos. Para discorrer sobre o tema, o congresso receberá Rajita Sinha, da Universidade de Yale, nos Estados Unidos.
“A cada R$ 1 investido no apoio às mães vulneráveis há uma economia de R$ 20 dentro de 15 anos”, explica Tavares. Essa economia se dá também no sistema judiciário, já que crianças com uma base estruturada tendem a praticar menos infrações.
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